A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado aprovou, nesta quarta-feira (7), o projeto de lei nº 212/2012, de autoria senador Eduardo Braga (PMDB-AM), que cria sistema de redução de emissões por desmatamento e degradação florestal e incentiva o manejo sustentável e o aumento dos estoques de carbono, conhecido como REDD+. A iniciativa visa estabelecer valor econômico para a "floresta em pé" e criar regras que viabilizem a remuneração do proprietário que mantém área florestada.
Para Braga, a implantação do sistema de REDD+ contribuirá para que as florestas brasileiras sejam vistas como ativos econômicos. A medida, segundo ele, será um estímulo para a preservação e recuperação de áreas florestadas nas propriedades rurais, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para minimizar os efeitos das mudanças climáticas.
“Está claro que valorizar, do ponto de vista econômico, a floresta é uma medida muito mais eficiente para a conservação do meio ambiente do que comando e controle. Ou seja, prender, lutar, não é tão eficiente quanto valorizar e premiar aqueles que praticam e fazem bem feito a conservação do meio ambiente”, disse Braga.
O senador explicou que a aprovação da matéria pelo Senado dará o reconhecimento econômico, social e ambiental aos proprietários de terra que preservam suas áreas de reserva legal e de proteção permanente, as APPs. Também será uma oportunidade para que moradores da floresta, que vivem em áreas de proteção ambiental, possam ter uma recompensa por preservarem o local onde vivem.
“È um projeto que dá um passo importante e precisa ser complementado pelo programa de serviços ambientais que está em votação no Congresso Nacional e já foi contemplado na estruturação do Código Florestal, para que possa haver remuneração econômica, social e ambiental no Código Florestal. Portanto, o REDD+ nada mais é que um instrumento, uma ferramenta prática, para poder remunerar os serviços ambientais prestados pela floresta em pé”, explicou.
Como o REDD+ vai funcionar
Para viabilizar o mecanismo, o projeto prevê que seja instituída a Unidade de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (UREDD), correspondente a uma tonelada de dióxido de carbono equivalente que deixou de ser emitida com a manutenção da floresta. As UREDDs poderão ser usadas na obtenção de financiamentos ou convertidas em títulos que poderão ser negociados em bolsas de valores do país ou no exterior.
O texto estabelece que seja criada uma Comissão Nacional para REDD+, que terá, entre outras, a função de regulamentar a UREDD e a emissão de títulos. Também prevê que o sistema seja financiado com recursos dos fundos sobre Mudança do Clima, Amazônico, de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Florestal, além de recursos provenientes de acordos internacionais, doações e de orçamentos públicos.
Código Florestal
Durante a tramitação do projeto de reforma do Código Florestal (PLC 30/2011) no Senado, Eduardo Braga apresentou emenda para incluir o sistema de REDD+ na nova lei, mas a sugestão foi rejeitada. O texto aprovado pelos senadores incluiu outros incentivos econômicos e financeiros para preservação e recuperação de áreas florestadas, como a concessão de crédito agrícola com juros menores e prazos de pagamento maiores.
Nos debates sobre o novo código, tanto Eduardo Braga quanto Jorge Viana (PT-AC), que dividiu com Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) a relatoria da matéria, argumentaram reiteradas vezes que as florestas devem ser vistas como ativos e não como ônus ou impedimento ao desenvolvimento do Brasil.
Na justificação do PLS 212/2011, Eduardo Braga afirma que a formalização de um sistema de REDD+ no país é essencial para consolidar o controle do desmatamento nos biomas, por meio de incentivos à preservação. O relator do projeto na CCJ, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), elogiou a iniciativa e apresentou voto favorável.
Durante a discussão da matéria na CCJ nesta quarta-feira, Eduardo Braga observou que o Brasil tem apresentado resultados positivos na redução do desmatamento e que precisa, cada vez mais, inovar e avançar nesta questão. Luiz Henrique afirmou que a política mais eficaz para garantir a preservação ambiental é atribuir valor econômico aos bens florestais, o que, segundo o senador, poderá ser viabilizado pelo PLS 212/2011.
A proposta será analisada agora pelas comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Meio Ambiente (CMA), esta última em decisão terminativa.
Assessoria de Imprensa com informações da Agência Senado